Sob coordenação de enfermeira, banco de leite do Hucam se tornou referência estadual e regional


24.08.2018

O serviço, que começou raquítico, foi alimentado pela equipe de enfermagem e se tornou modelo

Não é necessário mais que alguns minutos para perceber a força, o comprometimento e a convicção da enfermeira Mônica Barros de Pontes, responsável técnica e coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), também conhecido pelos capixabas como Hospital das Clínicas, localizado em Maruípe, Vitória.

Pioneira – Em 1992, então recém-formada, aceitou o desafio oferecido pelo Ministério da Saúde, e se especializou em aleitamento materno e banco de leite. O objetivo do MS era implantar banco de leite nos hospitais federais. Um dos primeiros foi o do Hucam, no Espírito Santo. O serviço começou a ser criado em 1993 e um ano depois passou a funcionar, já com a enfermeira Mônica na coordenação.

“Foi uma luta. Ocupávamos um espaço micro, nos fundos do hospital, sem equipamentos necessários e com pouquíssimos profissionais. Mas desde o início eu enxerguei o aleitamento materno como a melhor política de saúde infantil, e vi também uma oportunidade de atuação para os profissionais de enfermagem. Trabalhando duro, fomos avançando e hoje temos um espaço que nos permite prestar um serviço de qualidade para as mães e bebês”, contou Mônica.

O leite materno é a primeira alimentação do ser humano. Significa saúde física, mental e até social, nas diferentes fases da vida. É completo, cria vínculos afetivos entre mãe e filho e contribui para que a criança se torne um adulto mais seguro e feliz. “Amo o que faço. Os benefícios do leite materno são inúmeros. A gente vê isso o tempo todo, e é muito gratificante”, disse a enfermeira, com o entusiasmo de quem dedica conhecimento e energia naquilo em que acredita.

Aquele serviço que começou raquítico ficou robusto. Nos 24 anos de funcionamento, salvou vidas, assegurou o futuro de muitos bebês, e ganhou reconhecimento estadual, nacional e até internacional, já que 25 bancos de leite de outros países utilizam o modelo brasileiro nessa área.

Referência – Em 2013, o banco de leite do Hucam foi instituído pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) como o Banco de Leite Humano de Referência (BLHR) no Espírito Santo. Com isso, passou a ser responsável pelo processo de funcionamento, coleta, transporte, processamento, distribuição, doações, instalações, controle de qualidade e clínico dos sete bancos de leite existentes no estado.

Mas não parou por aí. A enfermeira Mônica Pontes também se tornou membro da Comissão Nacional de Banco de Leite Humano da Fiocruz e Ministério da Saúde, e referência para os 94 bancos de leite humano existentes na Região Sudeste do Brasil. Ela também promove capacitação para profissionais de bancos de leite e elabora estratégias para fortalecer a política do aleitamento materno.

Perguntada sobre a sensação de ter participado diretamente de todas as fases do Banco de Leite do Hucam, do início até os dias atuais, disse que sente muito orgulho e fez questão de ressaltar que toda a equipe sempre foi muito envolvida com o trabalho e empenhada para fazer o melhor.

“Começamos com um serviço desacreditado e conquistamos a excelência. Somos modelo para outros bancos de leite daqui e de fora do estado. Então, olhar para trás e ver o todo esse resultado, sem dúvida me deixa muito feliz”, disse.

Mônica lembra, no entanto, que ainda existem desafios a serem superados. Um deles é o número de profissionais de enfermagem no banco de leite, que caiu de 21 para nove. A maioria se aposentou sem que houvesse substituição.

“Ficamos sobrecarregados e tivemos que reduzir o horário de atendimento. Deixou de ser 24 horas e foi limitado ao período diurno. Mas a qualidade do serviço não foi afetada porque nossa equipe é altamente capacitada e dedicada”, assegurou. Em um caderno disponível no banco de leite do Hucam, mães e pais deixam agradecimentos emocionados para toda a equipe.

Mônica afirma que a missão da enfermagem é promover saúde e destaca que os enfermeiros precisam ocupar cada vez mais os espaços para os quais estão preparados, como as coordenações dos bancos de leite. Mas, independente da posição, é fundamental associar gerência e assistência.

“Nunca deixei a assistência. Quem está na ponta do atendimento vive as necessidades, sabe do que a equipe e os usuários precisam. Então eu digo para meus colegas: não se afastem da assistência mesmo estando em cargo de gerência. Isso faz toda diferença”, concluiu Mônica.

O Banco de Leite Humano do Hucam oferta leite humano pasteurizado com seu alto padrão em qualidade para as mães que vão retornar ao trabalho e querem deixar sua reserva em casa para os bebês da Utin. Os profissionais do BLH também fazem atendimento à saúde materno infantil, acompanhando o processo de amamentação e suas dificuldades, como a pega incorreta e fissuras.

Quer saber mais? Leia abaixo o artigo Banco de Leite Humano: Desafios e visibilidade para a enfermagem, de Mônica Barros de Pontes.

Doutora em Enfermagem (EEAN/UFRJ – DINTER UFES)

Enfermeira Responsável Técnica Centro de Referência Estadual em Banco de Leite Humano BLH/HUCAM

Membro da Comissão Nacional de Banco de Leite Humano (FIOCRUZ/MS)

Professora da Universidade de Vila Velha (Cursos Enfermagem e Medicina)

 

Compartilhe

Outros Artigos

Receba nossas novidades! Cadastre-se.


Fale Conosco

 

Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo

R. Alberto de Oliveira Santos, 42, 29010-901, Sala n° 1.116 - Centro, Vitória - ES

(27)3222-2930

atendimento@coren-es.org.br


Horário de atendimento ao público

08:30–16:30